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Acrobata Noturno: Quem é o Batman da França?

A França ganhou a Copa do Mundo e, nos posts do Facebook do Mansão Wayne, o país foi representado pelo Acrobata Noturno (Nightrunner). Contudo, muita gente sequer conhece o herói, então vamos lá para um apanhado de sua curta carreira.

O Acrobata Noturno foi criado por David Hine e Kyle Higgins em 2011, numa trama que englobou as edições Detetive Comics Annual 12 e Batman Annual 28. Era a época em que Bruce Wayne publicamente financiava a Corporação Batman, com representantes do Morcego ao redor do mundo.

Na trama, figuras importantes de diversas posições políticas estavam sendo assassinadas em Paris. Seus assassinos se matavam logo depois, e toda a situação gerou protestos violentos. Bruce vai para a cidade oferecer os serviços da Corporação e logo descobre uma conspiração envolvendo um culto nos subterrâneos de Paris e uma criatura chamada Korrigan, capaz de hipnotizar as pessoas. Para detê-la, foi preciso a união de dois Batmen (Bruce e Dick Grayson), a Questão (Renee Montoya) e do estreante Acrobata Noturno.

Bilal Alsselah é um jovem francês muçulmano de origem argelina que vive com sua mãe em Clichy-sous-Bois, o subúrbio de Paris cuja população é quase predominantemente muçulmana. Mesmo enfrentando o preconceito e a pobreza, Bilal sempre foi um pacifista, evitando os protestos tão comuns em sua região.
Durante um desses protestos, ele e seu grande amigo Aarif são confundidos com protestantes e acabam espancados pela polícia. Recuperado, Aarif decide contra-atacar, colocando fogo numa delegacia e em seguida sendo morto pelos policiais.

Bilal se negou a participar do ato, mas ficou devastado com a morte do amigo, que antes deixou para ele as músicas de Leni Urbana, uma cantora engajada na defesa dos muçulmanos. Sentido a revolta tomar conta, Bilal começa a praticar parkour e vira uma curiosidade que distrai as pessoas dos problemas em Clichy-sous-Bois, logo recebendo o apelido de Acrobata Noturno.

Durante os ataques comandados por Korrigan, ao perceber que Leni Urbana era um alvo, o Acrobata faz um uniforme improvisado e parte para protegê-la. Porém, é tomado por criminoso e enfrenta os dois Batmen, mas logo se une a eles. Mesmo do lado dos heróis, chega a ser nocauteado pela polícia.

Sua coragem, iniciativa pacifista e princípios impressionam Bruce Wayne, que o convida para a Corporação Batman, fazendo sua caverna e um novo uniforme. O Acrobata Noturno é um dos poucos recrutas novatos da Corporação. Recebeu seu treinamento de Dick Grayson, e não por coincidência, já que os dois heróis são ágeis e atléticos e, mesmo o uniforme do Acrobata lembra mais o visual do Asa Noturna do que do Batman.

Já aceito na Corporação Batman, o Acrobata Noturno passa a agir ao lado da polícia de Paris, mesmo que o comandante de polícia ache que ter um argelino muçulmano em ação possa piorar ainda mais os conflitos da cidade. Bilal logo descobre que, mesmo que use uma máscara para evitar isso, os problemas não acabam tão facilmente, já que parte das pessoas em Clichy-sous-Bois se vira contra ele, o enxergando apenas como mais um agente violento da polícia. Não que isso desmotive a missão pessoal do herói, que é se tornar um símbolo de integração e esperança.

Infelizmente, o Acrobata Noturno fez poucas aparições depois disso, afinal, a Corporação Batman foi deixada de lado. Entretanto, ele ganhou uma pequena galeria de inimigos e até sua versão do Asilo Arkham, o Jardim Negro.

Com histórias que exploram política, intolerância e preconceito, o Acrobata Noturno foi pivô desses elementos na vida real. Quando de sua estreia, alguns franceses de mente muito limitada se revoltaram por ele ser o Batman francês, achando inadmissível um muçulmano de origem imigrante ser considerado um francês. De fato, é uma pena o herói não ter mais histórias que invistam no combate da xenofobia e intolerância religiosa.

Leonardo Vicente

Nunca sequer visitou Gotham City, muito menos morou numa caverna, nem mesmo treinou com os maiores mestres marciais do planeta. No comando do site Fala, Animal! e escrevendo para a revista Mundo dos Super-Heróis, se deu conta de sua triste maior diferença quando comparado com Bruce Wayne: não tem a mesma fortuna que ele!