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Teoria: O Futuro de Gotham Girl

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ATENÇÃO:
Este texto contém informações sobre histórias que ainda não foram publicadas no Brasil. Se você ainda não leu as 20 primeiras edições de Batman pós-Renascimento (Rebirth) e não quer estragar a surpresa, pare de ler agora mesmo!


Em Universo DC: Renascimento (DC Universe: Rebirth #1) fomos rapidamente apresentados a dois novos personagens, que em seguida têm destaque na revista Batman: Gotham e Gotham Girl.

A apresentação deles na revista quinzenal foi épica, com a dupla de irmãos salvando a vida do Batman após páginas emocionantes que mostravam o Morcegão aceitando que morreria naquele momento. Tudo muito legal, tudo muito bonito, mas uma coisa ainda me incomodava: como uma dupla de heróis com poderes nível Superman iria se encaixar em Gotham City?

Praticamente um cosplay steampunk da Supergirl e do Superman

Bom, esse é o primeiro indício de minha teoria: Eles não se encaixam.

Você não pode inserir personagens com esse nível de poder no mundo do Batman, isso quebra o personagem. Claro que rolam crossovers com outros personagens da DC, além das histórias da Liga da Justiça, mas se você reparar, a atitude dele é diferente nessas histórias. Nas histórias próprias, ele está em seu mundinho, isolado de superseres e ameaças cósmicas. Esse, inclusive, é o motivo pelo qual roteiristas e editores nunca deixaram a Zatanna realmente entrar no mundo dele. Uma aparição em um arco ou outro e pronto. Se o Batman tiver uma aliada que, com um passe de mágica, resolve todos os problemas, sua cruzada para de fazer sentido.

Mas o que mudou? Por que razão os roteiristas Tom King e Geoff Johns se arriscariam dessa forma?

No arco de histórias que segue, descobrimos a origem dos poderes da dupla: uma droga experimental que diminui o tempo de vida do usuário quando ele usa os poderes. O plano dos heróis era usar moderadamente para ajudar as pessoas e morrer em dois anos. Na hora pensei: “Bom, então é isso, no final do arco eles usam os poderes até o limite, morrem e não há grandes consequências”. Subestimei os roteiristas, que levaram a história por um caminho, no mínimo, inesperado.

Em certo momento da trama, o vilão Hugo Strange utiliza o Pirata Psíquico para manipular as emoções de Gotham (o herói, não a cidade). Em apenas uma edição, ele deixa de ser o Superman de Grandes Astros: Superman e se torna o Superman psicopata dos filmes de Zack Snyder.

Página de Batman #4 (2016) ao lado da marcante página de All Star Superman #10 (2006), onde o Superman ajuda uma garota prestes a cometer suicídio.
Gotham se tornando o Superman do Snyder, na mesma edição.

Na história seguinte, Gotham se dirige ao centro da cidade com uma fúria assassina, visão de calor trincando e com uma missão: salvar a cidade de si mesma, matando A CIDADE EM SI.

A porrada come solta, a Liga da Justiça aparece para ajudar e até o Alfred entra na bagunça vestido de Batman. No fim, a Gotham Girl, que estava observando tudo desesperada pelos monitores da Batcaverna (acompanhada por Duke Thomas, um jovem assistente que o Batman está treinando – outro dia falamos mais sobre ele), decide intervir e acaba matando o próprio irmão.

Uma coisa esquisita nessa história é que a parte final é narrada por Gotham Girl… de algum momento no futuro, onde é casada com Duke Thomas e Bruce Wayne está morto. Ela fala desse momento como “O momento em que tudo começou”, como sendo sua origem. Diz ainda que visita esse local com Duke todos os anos, no aniversário da morte do irmão. Ou seja passaram-se anos. Anotem isso, é importante.

“Foi assim que começou. A origem de Gotham Girl. A morte do Batman”

Nas histórias seguintes, Claire Clover (a Gotham Girl) pira completamente. Sai voando por aí salvando pessoas e enfrentando um bando de vilões de quinto escalão do Batman, enquanto fala com seu irmão morto (Hank Clover, o Gotham) como se estivesse ao seu lado observando tudo.

Batman intervém e decide que é sua responsabilidade ajudar a garota. Para isso, após conversar com ela, a leva até uma cela de segurança máxima no Asilo Arkham junto ao Pirata Psíquico (as histórias que mostram como isso é feito são espetaculares, mas já estou me estendendo demais e não são importantes para a teoria).

Agora voltemos a Universo DC: Renascimento para lembrar quem mais estava trancada no Arkham: Imra Ardeen, a Satúrnia (Saturn Girl), da Legião dos Super-Heróis!

Ela é mostrada perdida no presente, presa como se fosse maluca por dizer que é do futuro e que é amiga do Superman.

A Legião dos Super-Heróis é uma equipe do Século 31 que se inspirou nas histórias do Superboy original (Clark Kent quando era jovem) para formar  um grupo de jovens heróis em um futuro bastante utópico.

Nessa equipe, temos alguns personagens de legado, principalmente de personagens ligados ao Superman, mas também a outros personagens como a XS, neta de Barry Allen (o Flash). Mas, até onde eu lembro, faltava um personagem ligado ao universo do Batman na equipe.

FALTAVA.

Não acredito que seja coincidência que uma heroína superpoderosa de Gotham que pirou e pode morrer por culpa de seus poderes, esteja trancada com um membro da Legião dos Super-Heróis, com direito a anel da equipe dando sopa e tudo.

“Só isso”

A Legião já tem um histórico de heróis nível Superman estarem morrendo por uma doença no presente e serem levados ao século 31, onde são curados e tornam-se membros da equipe. Essa é a origem do Mon-El! E, lembram-se que a Gotham Girl narra uma história de anos no futuro, mostrando que já superou a doença?

Anos? Por que não séculos?

Acho que já está claro qual é a minha teoria, certo? Tudo está sendo montado para a Gotham Girl ir para o futuro com a Legião dos Super-Heróis e, finalmente, preencher a vaga de herói relacionado ao batverso na equipe!

E não vai sozinha, leva o Duke Thomas com ela, como a narração do futuro mostra. Vai me dizer que os visuais deles não combinam muito mais com a Legião do que com o Batman?

Duke, Legião dos Super-Heróis e Gotham Girl.

E aí, o que acha da minha teoria? Faz sentido? Achou alguma falha nela? Comenta aí! 😀


Atualização (dezembro 2017):
Levamos esta teoria a artistas envolvidos nas revistas do Batman e a reação deles foi bem animadora. Clique aqui para ver.

Carlos Vázquez

Mordomo voluntário na Mansão Wayne quando o Alfred se ausenta, faz questão que todas as pessoas que o cercam saibam o nome de pelo menos 3 Robins e decidiu criar este site para transformar todo esse conhecimento “inútil” em algo que possa compartilhar com outras pessoas que tenham interesse.