Powerless: humor nas Empresas Wayne

Quando foi anunciada, a nova série Powerless foi descrita como a história de uma empresa de seguros especializada em incidentes envolvendo super-heróis e supervilões, a Retcon. Conforme o projeto foi seguindo – inclusive com um piloto mais elogiado do que o final – as coisas mudaram.

Pôster desenhado por Neal Adams, ainda na versão Retcon

A trama oficial agora é outra, apresentando a Wayne Security, uma divisão das Empresas Wayne incumbida de criar apetrechos que ajudem as pessoas comuns que vivem no fogo cruzado das batalhas super-humanas.

A protagonista é Emily Locke (Vanessa Hudgens, de Sucker Punch), recém contratada para chefiar a equipe de criação da empresa. O seriado se passa na fictícia Charm City, onde todos os cidadãos já estão até de saco cheio de verem brigas entre heróis e vilões. Uma heroína recorrente é a Raposa Escarlate (Atlin Mitchell), totalmente diferente da sua versão dos quadrinhos, mas que curiosamente tem uma vantagem sobre ela: usa um uniforme realmente escarlate, já que nas HQs, inexplicavelmente, a personagem usava marrom!

A Raposa Escarlate (Marrom) dos quadrinhos

 

A Raposa Escarlate da série

Powerless difere das atuais séries da DC por um motivo bem óbvio: é uma comédia, mesmo que tenha a presença de outros superseres logo no primeiro episódio. O que é necessário é acertar o tom, e não digo do programa em si, mas talvez da divulgação.

O seriado talvez seja direcionado demais. As piadas apresentadas fazem muito sentido para nós, nerds que acompanham os personagens DC desde crianças, mas soam sem graça para o público em geral, que não recebeu muito bem o piloto.

A pegada de Powerless ficou num meio termo entre um sitcom comum e o humor satírico e mais escrachado da série The Tick, que, mesmo com vida curta, se saiu melhor tirando sarro do dia a dia dos supers. Claro, Powerless tem o diferencial de querer mostrar isso do ponto de vista da pessoa comum, e até se sai bem, mas como disse, é mais uma questão de público alvo.

Emily Locke e Van Wayne

Entre os personagens do piloto, quem se destaca é Van Wayne (Alan Tudyk, de Firefly e Rogue One), o incompetente e narcisista primo de Bruce Wayne, que é quem comanda a Wayne Security, ainda que a contragosto. O interessante é que Van realmente existe nos quadrinhos, onde era até mais mimado. Foi criado por Bill Finger e Sheldon Moldoff em 1962.

Marc McClure

As homenagens, aliás, demonstram bem como o seriado é feito para os fãs. Adam West, o eterno Batman dos anos 60, serve de narrador, dando a entender que é o próprio Bruce Wayne falando. Marc McClure, o Jimmy Olsen dos filmes do Superman de Christopher Reeve e de Supergirl, aparece como o pai de Emily. Isso fora pontas bem rápidas, como a de uma certa estrela do mar…

Fogo

A impressão que Powerless deixa em seu primeiro episódio é de tem grande potencial, mas ainda não definiu sua identidade. A chance de fracassar perante o grande público ainda é grande, assim como a de se tornar um cult para os leitores de quadrinhos. Ao menos teremos uma representante por lá: a heroína brasileira Fogo já está confirmada para um arco de vários episódios.

Leonardo Vicente

Nunca sequer visitou Gotham City, muito menos morou numa caverna, nem mesmo treinou com os maiores mestres marciais do planeta. No comando do site Fala, Animal! e escrevendo para a revista Mundo dos Super-Heróis, se deu conta de sua triste maior diferença quando comparado com Bruce Wayne: não tem a mesma fortuna que ele!