BATMAN/JUSTICEIRO I

ATENÇÃO!
Este texto contém altos spoilers da edição “Batman/Justiceiro: Lago de Fogo”.
Depois não diz que eu não avisei.

Ahh, os anos 90.

Época dos anti-heróis badass, massavéio, rebeldes, violentos, sombrios, que batem, espancam, torturam, retalham, matam..
Época do Spawn, do Savage Dragon, do Wolverine em todos os títulos da Marvel, do Erradicador, do estilo Frank Miller, do Venom e do Carnificina, da Image..
Quando o certo era ser errado e era errado ser certo.

Um dos símbolos máximos desses tempos, como não poderia deixar de ser, era o Justiceiro, personagem criado em 1974 para o título Amazing Spider-Man #129, que viu sua popularidade crescer descontroladamente no decorrer da década seguinte, atingindo seu auge lá pelo ano de 1992, quando colecionava 3 títulos-solo mensais, além de mini-séries e especiais.
Não era só um anti-herói. Era um assassino psicopata vingativo, que matava bandidos em resposta ao massacre de sua família, e que sentia um prazer sádico nisso.

Punisher

Essa era a cara extrema do que os leitores curtiam no começo daquela década.

Aproveitando essa onda, a DC desenvolveu a trama Knightfall (A Queda do Morcego), na qual o Batman é quebrado ao meio pelo Bane, se torna paraplégico, e é substituído pelo Jean-Paul Valley (AKA Azrael), com um estilo e um visual muito mais agressivos. Tudo isso para, meses depois, um (SPOILER!!) Bruce Wayne recuperado reassumir o manto.
Na realidade, com sua postura anos 90 e visual exagerado a la Rob Liefeld, o “novo” Batman era uma crítica a esse estilo, e a intenção era mostrar que o Homem-Morcego tradicional era o melhor herói. Algo que foi copiado trabalhado recentemente em tramas como Superior Spider-Man, por exemplo.

Batman azrael bombado
Imagem exagerada do Bat-Azrael, com o traço propositalmente baseado no estilo Liefeld

O irônico foi que, durante o tempo que durou o arco, muitos leitores não entenderam a crítica, e o Batman doido da piroca ganhou seus fãs e seguidores.
Mais ou menos que nem aconteceu com o Stephen Colbert, apresentador norte-americano que personificava um republicano radical para ridicularizar esse tipo de gente, e acabou ganhando esse mesmo tipo de gente como fã.

Prova de que a ignorância não tem limites.

E daí que, em junho de 1994, foi lançado o crossover-orgasmo pro público amante dessa linha filosófica.
Juntando o psicopata-marvete-genuíno Justiceiro e o psicopata-dcnauta-paródia Bat-Azrael, chegou às bancas Batman/Justiceiro: Lago de Fogo.

capa

A trama é básica.
Frank Castle vai à Gotham City à caça do Retalho, que se uniu a um mafioso local para botar fogo na água da cidade com um tipo especial de combustível, e pedir um resgate. Lá ele tromba com o Batman, que tá no rastro do mafioso, eles se unem e conseguem impedir o plano. Daí eles se batem, porque sim.
Coisa simples, coisa boba, coisa competente, coisa que você lê em 10 minutos e esquece logo depois.
Vale especialmente pelos desenhos do Barry Kitson.

Escrita pelo Dennis O’Neal, desenhada pelo Kitson e com arte-final do James Pascoe, Lago de Fogo explorava o Batman de Jean-Paul Valley como um personagem trágico, violento, inseguro e doido de pedra.

Jean loco

doido

batman
Jean locoII

Olhando com os olhos de hoje, fica clara a intenção de ridicularizar o personagem, de mostrar o quão não-digno ele é do uniforme. Pelamor, enquanto o Justiceiro tá atrás do seu arquivilão Retalho, o Batman fica com um gangster qualquer coisa. Como se quisesse tirar qualquer dignidade do personagem, “hihihi ele nem tem vilão”.
(Nota do colunista: não lembro se foi minha interpretação na época, mas.. bom, eu tinha uns 10 anos, então bem provável que eu estivesse adorando aquilo.)

A grande sacada é:
Mais que um one-shot, Batman/Justiceiro: Lago de Sangue é apenas a primeira metade do encontro pensado para os personagens. Ao final da história, enquanto o Batman e o Justiceiro se estapeiam, um conhecido vilão aparece e solta o Retalho, dando a deixa para uma continuação.

coringa1 coringa2
Quatro meses depois, saía Justiceiro/Batman: Cavaleiros Mortíferos, uma sequência direta da primeira história, dessa vez com o Bruce de volta ao manto de Homem-Morcego.
Mas dela a gente conversa semana que vem. Pode ser?
Faz assim ó, a gente marca.

Às vezes fico pensando: qual o sentido da vida? Por que estamos aqui? De onde viemos, e para onde iremos?
Se você tem as respostas, deixa um comentário.
(ou se você só quiser comentar sobre o crossover, também tá valendo)

Thiago Brancatelli

Lindo, alto e charmoso. Não possui bichos de estimação, mas divide o aluguel com um cachorro vira-lata chamado Tyler. Já fez tudo o que queria antes dos 30, por isso passa seus dias deitado no sofá lendo quadrinhos, vendo Netflix e comendo Tortuguitas. Está em um relacionamento sério com o site XVideos, mas é apenas pelo sexo.